quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A vizinha do lado: Banda Jackdevil

Banda maranhense Jackdevil (Foto: Arquivo pessoal)
Hoje tem dobradinha de entrevista na Zaboomba virtual. Aproveitamos a visita da banda maranhense de Trash Metal Jackdevil a Teresina para uma conversa a fim de conhecermos mais a banda e apresentá-la a vocês. A banda Jackdevil já existe há cinco anos e tem suas músicas inspiradas nas maiores bandas de Heavy e Thrash Metal dos anos 80 (nem precisamos citar quais, né? – risos). Com composições próprias, a banda conta com dois EPs (“Under the Satan Command” e "Faster Than Evil") e um CD (“Unholy Sacrifice”) já lançados. Os rapazes André Nadler, R. Speedwolf, Ric Andrade e Filipe Stress já fazem shows por todo o país e tocaram recentemente em Teresina (no último sábado a banda se apresentou no Planeta Diário) e aproveitamos para sondar o que eles andam fazendo, o que já fizeram e o que ainda querem fazer. São maranhenses, são vizinhos. São irmãos. 

Respostas por: André Nadler (guitarrista e vocalista)


Zaboomba: Como é tocar e seguir carreira numa banda de Thrash Metal, onde o público é reduzido – mas fiel –, e num país onde se valoriza mais outros estilos?

André Nadler: Música é constante renovação. Cada vez que alguém toca, traz ao mundo um novo som, uma nova forma de pensar e se o estilo que tocamos existe e se mantém firme, deve ser porque há uma grande quantidade de pessoas que se identificam com o que fazemos; e enquanto elas existirem, nós também existiremos. Acredito que independente do estilo, ser músico no Brasil é bastante complicado, ainda mais em uma época em que a dificuldade financeira assombra o país, faz com que tudo fique ainda mais inviável, as viagens e instrumentos estão cada vez mais caros. A maior batalha para quem se dedica ao metal, no Brasil, penso que seja o fato de ter que suportar uma cena nacional, de certa forma, ainda imatura e com bastante gente com péssimas intenções, que prejudicam o trabalho de diversos músicos e impedem o progresso do metal no país. Porém, temos certeza que as coisas vão melhorar, e já estão melhorando, com o passar do tempo.

Z: Estilos como Thrash e Heavy Metal ainda gravitam no chamado “meio marginal” ou hoje há uma aceitação maior, seja pela diversidade de bandas, disponibilidade e acesso na web?

AN: Depende do significado do termo “marginal”. Se tocar uma música marginalizada é participar de um estilo musical que está à margem dos ritmos mais populares do Brasil, aí creio que a expressão se encaixe, pois o metal pesado não tem espaço garantido na grande mídia diariamente, mas justamente pelo crescimento da informação do ciberespaço e a comunicação através da internet, observamos que o movimento está tomando um novo fôlego e crescendo significativamente.

Z: Falem um pouco sobre a produção das primeiras gravações até culminar com o 1º CD oficial “Unholy Sacrifice”?

AN: Nosso trabalho sempre foi executado com bastante esforço e inúmeros obstáculos que superamos todos os dias porque é isso que gostamos de fazer, vivemos para fazer a banda funcionar e a banda vive para nos fazer viver, simples assim. O primeiro material, o “Under The Satan Command” (2012), foi gravado em take único, bem parecido com um ensaio. Gravamos cinco faixas e lembro que só tivemos quatro meses para pegar as músicas e gravar. O segundo trabalho, o EP “Faster Than Evil” (2013), surgiu com uma estrutura mais madura, melhor editado e gravado, até mesmo pelo fato dos integrantes do Jackdevil evoluírem musicalmente. Foi com esse EP que recebemos a atenção de todo o país e de fãs de vários países, digamos que foi o ponto onde realmente crescemos. Por fim chegou o “Unholy Sacrifice” (2014) e com ele ganhamos uma expansão ainda maior, pois concorremos a diversas premiações que destacavam da arte da capa até as composições do álbum. Também é o nosso primeiro debut oficial, além de ser o primeiro trabalho que lançamos de forma não independente, já que hoje trabalhamos com a gravadora Urubuz Records. 

Z: Você também trabalha com literatura, considerando seu conto “Sacrifício Maldito” e a inspiração nos contos de Stephen King para produzirem as letras do primeiro disco – exemplo de muitas outras bandas que se inspiram em grandes obras literárias -, de que forma é feita essa inspiração/ adaptação?

AN: Tudo isso foi feito de forma simples, pois sempre gostamos muito dos trabalhos do Stephen King e, naquele momento, precisávamos buscar inspiração em alguma fonte e pensamos nas grandes obras escritas pelo mestre do terror. Não imagino de outra forma, porque a combinação foi perfeita.

Z: Fale sobre os resultados das turnês MA a fora e como é tocar em Teresina? 

AN: Já tocamos em vários lugares do Brasil e o que mais nos surpreende, até hoje, é encontrar seja em Minas Gerais ou Manaus, fãs usando nossas camisas, carregando pôsteres e CDs do Jackdevil. Ao longo dessa estrada de três anos de muito trabalho cruzamos com muitas bandas que admiramos; pessoas que nunca sonharíamos ficar ao lado, e o maior lucro das turnês é o carinho que recebemos em cada cidade que chegamos. Quanto a tocar em Teresina, o que podemos dizer é que é sempre uma grande honra, nunca a deixamos de fora da nossa rota de shows. Todos os shows que fizemos na cidade foram maravilhosos.