Banda maranhense Jackdevil (Foto: Arquivo pessoal) |
Hoje tem dobradinha de
entrevista na Zaboomba virtual. Aproveitamos a visita da banda maranhense de Trash Metal Jackdevil a Teresina para
uma conversa a fim de conhecermos mais a banda e apresentá-la a vocês. A banda
Jackdevil já existe há cinco anos e tem suas músicas inspiradas nas maiores
bandas de Heavy e Thrash Metal dos anos 80 (nem precisamos
citar quais, né? – risos). Com composições próprias, a banda conta com dois EPs
(“Under the Satan Command” e "Faster Than
Evil") e um CD (“Unholy Sacrifice”) já lançados.
Os rapazes André Nadler, R. Speedwolf,
Ric Andrade e Filipe Stress já fazem shows por todo o país e tocaram
recentemente em Teresina (no último sábado a banda se apresentou no Planeta
Diário) e aproveitamos para sondar o que eles andam fazendo, o que já fizeram e
o que ainda querem fazer. São maranhenses, são vizinhos. São irmãos.
Respostas por: André Nadler
(guitarrista e vocalista)
Zaboomba: Como é tocar e seguir carreira numa banda de
Thrash Metal, onde o público é
reduzido – mas fiel –, e num país onde se valoriza mais outros estilos?
André Nadler: Música é constante renovação. Cada vez que alguém toca,
traz ao mundo um novo som, uma nova forma de pensar e se o estilo que tocamos
existe e se mantém firme, deve ser porque há uma grande quantidade de pessoas
que se identificam com o que fazemos; e enquanto elas existirem, nós também
existiremos. Acredito que independente do estilo, ser músico no Brasil é
bastante complicado, ainda mais em uma época em que a dificuldade financeira assombra
o país, faz com que tudo fique ainda mais inviável, as viagens e instrumentos
estão cada vez mais caros. A maior batalha para quem se dedica ao metal, no
Brasil, penso que seja o fato de ter que suportar uma cena nacional, de certa
forma, ainda imatura e com bastante gente com péssimas intenções, que
prejudicam o trabalho de diversos músicos e impedem o progresso do metal no
país. Porém, temos certeza que as coisas vão melhorar, e já estão melhorando,
com o passar do tempo.
Z: Estilos como Thrash
e Heavy Metal ainda gravitam no
chamado “meio marginal” ou hoje há uma aceitação maior, seja pela diversidade
de bandas, disponibilidade e acesso na web?
AN: Depende do significado do termo “marginal”. Se tocar uma música
marginalizada é participar de um estilo musical que está à margem dos ritmos
mais populares do Brasil, aí creio que a expressão se encaixe, pois o metal pesado
não tem espaço garantido na grande mídia diariamente, mas justamente pelo
crescimento da informação do ciberespaço e a comunicação através da internet,
observamos que o movimento está tomando um novo fôlego e crescendo
significativamente.
Z: Falem um pouco sobre a produção das primeiras
gravações até culminar com o 1º CD oficial “Unholy Sacrifice”?
AN: Nosso trabalho sempre foi executado com bastante esforço e inúmeros
obstáculos que superamos todos os dias porque é isso que gostamos de fazer,
vivemos para fazer a banda funcionar e a banda vive para nos fazer viver,
simples assim. O primeiro material, o “Under
The Satan Command” (2012), foi gravado em take
único, bem parecido com um ensaio. Gravamos cinco faixas e lembro que só
tivemos quatro meses para pegar as músicas e gravar. O segundo trabalho, o EP “Faster
Than Evil” (2013), surgiu com uma
estrutura mais madura, melhor editado e gravado, até mesmo pelo fato dos
integrantes do Jackdevil evoluírem musicalmente. Foi com esse EP que
recebemos a atenção de todo o país e de fãs de vários países, digamos que foi o
ponto onde realmente crescemos. Por fim chegou o “Unholy Sacrifice” (2014) e
com ele ganhamos uma expansão ainda maior, pois concorremos a diversas
premiações que destacavam da arte da capa até as composições do álbum. Também é
o nosso primeiro debut oficial, além
de ser o primeiro trabalho que lançamos de forma não independente, já que hoje
trabalhamos com a gravadora Urubuz Records.
Z: Você também trabalha com literatura, considerando
seu conto “Sacrifício Maldito” e a inspiração nos contos de Stephen King para
produzirem as letras do primeiro disco – exemplo de muitas outras bandas que se
inspiram em grandes obras literárias -, de que forma é feita essa inspiração/
adaptação?
AN: Tudo isso foi feito de forma simples, pois sempre gostamos muito dos
trabalhos do Stephen King e, naquele momento, precisávamos buscar inspiração em
alguma fonte e pensamos nas grandes obras escritas pelo mestre do terror. Não
imagino de outra forma, porque a combinação foi perfeita.
Z: Fale sobre os resultados das turnês MA a fora e
como é tocar em Teresina?
AN: Já tocamos em vários lugares do Brasil e o que mais nos surpreende, até
hoje, é encontrar seja em Minas Gerais ou Manaus, fãs usando nossas camisas,
carregando pôsteres e CDs do Jackdevil. Ao longo dessa estrada de três anos de
muito trabalho cruzamos com muitas bandas que admiramos; pessoas que nunca
sonharíamos ficar ao lado, e o maior lucro das turnês é o carinho que recebemos
em cada cidade que chegamos. Quanto a tocar em Teresina, o que podemos dizer é
que é sempre uma grande honra, nunca a deixamos de fora da nossa rota de shows.
Todos os shows que fizemos na cidade foram maravilhosos.