Há tempos, uma diversidade musical ronda nossas cabeças. “Longe das cercas embandeiradas que separam quintais, no cume calmo do meu olho que vê, assenta a sombra sonora de um disco voador”, e Teresina já não é mais uma terra provinciana sem cultura. A Zaboomba entrevista mais uma banda que mesmo com influências de outras terras nunca deixa de cantar para os seus. A banda Nú-Xadrez é formada por Carlos Skilo na bateria, Robervan Sousa e Ronnyel Seed nas guitarras, Guilherme Filho no baixo e Matheus Almeida nos vocais. Sedenta por shows, a banda quer mostrar toda sua influência grunge, cantando músicas em português. Confira a entrevista.
Zaboomba: O que quer dizer esse nome?
Matheus(vocalista): É a ideia de estar no xadrez. Tipo: estar encarcerado nessa prisão. Há uma ironia, no caso. Tem também o xadrez, que é referência aos anos 90 e tinha o grunge, que era o som que rolava. Tem essa contradição.
Skilo(baterista): Tem a temática do xadrez (referência à estampa de roupa). A ideia era alguma coisa que remetesse ao grunge, e não há nada como xadrez que faça essa referência. Então, como uma banda que toca grunge, nós estaríamos no xadrez, certo? Tem o trocadilho de estar no xadrez, prisão, certo?
Z: Quais as influências?
S: Cada um tem sua própria influência. A minha vem do Pearl Jam, também do Punk e Thrash. Uma mistura.
M: A verdade é que a banda se encaixa em Pearl Jam, Nirvana e Alice in Chains.
Z: Quanto tempo de banda?
M: Acho que uns nove meses.
Z: O primeiro show foi no Galeria Woodstock (casa alternativa de show). Houve receptividade?
M: Para o primeiro show foi bom. A galera curtiu muito o show, a ideia.
Z: Quem compõe na banda?
Robervan (guitarrista solo): Cada um dá uma ajuda.
S: São mais eles quatro. Eu só sirvo para bater.
Da esquerda para a direita: Skilo, Robervan, Ronnyel, Guilherme e Matheus - Banda Nú-Xadrez (Foto: Maria Aparecida Vieira) |
Z: Já tem alguma música gravada?
S: Estamos gravando agora. Já temos, mais ou menos, doze músicas autorais. Não queremos gravar nada aleatório e sim um CD mesmo. Então, já temos uma hora e vinte de música corrida, agora é que vamos partir para o estúdio, para começar a divulgar nosso trabalho.
Z: Como está a divulgação?
M: Só dá quando gravarmos algum som. A gente quer fazer show, né, para divulgar e a galera conhecer e curtir.
Z: Tem show agendado?
S: Em março, no projeto Autoral Rock e dia 21 de abril na Praça da Liberdade.
Z: Há problemas em ser grunge?
S: Há um público bem grande que curte grunge aqui, seja entre amigos ou da galera que curte mesmo e, tipo, a maioria curte mesmo as bandas de fora, até porque é escasso aqui. E isso que é legal, trazer coisas que não temos aqui.
R: Tem o fato de nossas músicas serem em português.
M: Esse é o grande diferencial.
R: Até mesmo se você for procurar as bandas nacionais de grunge, a maioria só toca em inglês.
Z: Como são letras em português, qual a temática das composições?
R: Quando componho, eu penso na galera adolescente, no que eles pensam do mundo. Tem até uma música da gente que se chama “Beleza em Caos”, que conta a história de uma criança que está conhecendo nosso mundo, que é caótico. Na cabeça dela, o mundo seria algo belo e bonito. Mas tudo o que ela imaginava não era real, só há o mundo de caos, guerra, violência.
Z: Vocês acham que os adolescentes de hoje pensam como nós pensávamos?
R: Há cinco anos eu pensava isso. Não sei se essa galera de hoje ainda tem essa visão, mas eu tinha. Essa letra é uma coisa que eu tinha há muito tempo e que eu me transformei e achei que essa música tinha a ver com o som que a gente fazia.