(Foto: Maria Aparecida) |
Em
16 de agosto de 1977 morria aquele que, para o mundo, era denominado o
'Rei do Rock’n Roll'. Passados quase quarenta anos, a alma e a
trabalho artístico de Elvis Presley ainda são cultuados por seus milhares de
fãs em todo mundo e sua vida musical é revivida dia após dia, graças aos
seus tantos imitadores pelo Brasil afora.
Todavia,
não se trata de imitar apenas, ser cover é vestir literalmente a roupa do
cantor, é interpretar suas canções fielmente, é investir e também mexer o
quadril de forma sensual, a ponto de arrancar fios de cabelo das donzelas.
A Zaboomba teve a oportunidade de conversar com um dos seus melhores
covers aqui do Brasil.
Renato Carline é paulista,
trinta e alguns anos. Há doze vive exclusivamente das apresentações que faz
pelo mundo como Elvis. Em 2011 foi considerado o melhor imitador do Elvis
na América Latina e se apresentou no Artes de Março no último
dia 16 (segunda-feira). E ele diz que “Elvis morreu”.
Zaboomba: Quando começou isso?
Renato Carlini: Começou quando eu era
criança, né? Desde criança sou fã do Elvis. Assistia
àqueles filmes da Sessão da Tarde, quando passava os filmes do Elvis, nos anos
80, ali comecei a gostar. Fui assistindo aos filmes e aquilo aumentou cada vez
mais o amor pelo ídolo. Comecei a fazer imitação dele nas festinhas da escola,
nas festinhas em casa, mas até então nem sonhava que um dia iria viver disso.
Aí quando fui adquirindo maturidade física, cantando no banheiro ali, achando
que a voz ia dar pé e aquela coisa toda, chegou o momento em que comecei a
fazer profissionalmente, já com meus vinte um ou vinte e dois anos. Fazia a
fase dele mais novo, mais jovem, e o povo dava aquela moral,
tipo ‘Você canta bem’, e aí fui fazendo, fui fazendo e hoje estou aí com
dezoito anos fazendo shows pelo Brasil.
(Foto: Diego Noleto) |
Z: Levou tempo até você dizer ‘Agora estou
pronto’?
RC: Levou, né! Eu era cabeleireiro
também, então, eu comecei a trabalhar só com isso quando larguei o salão,
porque não estava conseguindo conciliar. Eu já tinha uns vinte e sete, vinte e
oito anos, porque foi aí que atingi uma maturidade física mesmo, uma maturidade
voca que me deu realmente a segurança para poder seguir.
Z: Hoje vive exclusivamente do cover?
RC: Há muitos anos. Só do Elvis estou há uns doze
anos fazendo shows, mas durante um tempo eu intercalei um pouco.
Z: Já tocou pelo Brasil afora, ganhou prêmios...
RC: Eu
ganhei aquele concurso do Faustão de melhor imitador do Elvis, também ganhei o
concurso do Sílvio Santos.
(Foto: Diego Noleto) |
Z: A realização pessoal é maior cantando Elvis
ou é só aquela realização pessoal profissional, como artista?
RC: Olha, eu sou muito fã do Elvis, cara, muito
fã. E é óbvio, para chegar ao ponto de você fazer cover, só sendo muito fã
mesmo, a ponto de você subir num palco e tal. Supondo que eu tivesse muita
grana para investir numa carreira própria e tal, e é só uma suposição realmente,
eu acho que ia optar por continuar fazendo Elvis, que é uma coisa que eu
realmente gosto de fazer. Eu nunca tive a pretensão de ser o Renato Carlini cantor,
nunca passou pela minha cabeça, talvez até porque eu conheço a realidade do
cenário e sei que tem que haver um investimento alto, de muitos milhões, e que
o cara tem que ter para ter uma carreira. As pessoas pensam que o cara começa
assim porque a galera gosta e ele faz sucesso, mas é muito investimento, um
valor de quatro a seis milhões para você colocar um cara no mercado, com umas
quatro ou cinco músicas de sucesso estourando ali e ver o público comprar
aquela ideia, né, de colocar o cara no pedestal. Então, o que eu gosto de
fazer é isso, gosto de estar no palco, fazer minha imitação do Elvis.
Z: Quando você termina o show o que você faz
exatamente? Quem é Renao Carlini sem a roupa do Elvis?
RC: Primeiro eu tomo banho, né (risos).
Rapaz, eu sou um cara comum. Você vai me encontrar ali, na fila do McDonalds,
de havaianas no pé, de chinelo, uma bermuda, camiseta, tem
nada demais. As pessoas imaginam que por ser cover do Elvis eu vivo isso
vinte e quatro horas por dia, que eu ando na rua assim, no meu dia a dia com as
roupas, de costeleta, cabelo arrumado. É como te falei, eu amo fazer o que eu
faço, adoro fazer isso, mas não deixo de ser o Renato também, de ter minha
vida, fazer minhas coisas do dia a dia, como qualquer pessoa faz.
Z: Para você Elvis não morreu?
RC: Claro que morreu. Fisicamente. Só que um
artista, uma personalidade, um empresário ou toda pessoa que fez muito
pelo mundo, que atinge um certo sucesso de alguma forma, em
algum momento ele se vai fisicamente, ninguém é eterno, mas a obra do Elvis,
do Michael Jackson, dos Beatles, do Freddie Mercury, e isso
estou falando só do meio artístico, mas poderia falar de outros meios também.
Então, vai passar cem, duzentos, mil, dois mil anos e as pessoas não vão deixar
de conhecer.
Z: Essa veneração a todos esses ídolos não é
exagero?
RC: Tudo que tem qualidade as pessoas gostam. As
coisas boas nunca vão acabar, o Elvis nunca vai acabar, assim como
outros artistas, podem passar anos. O que tem qualidade, o que é verdadeiro,
autêntico, sempre terá alguém procurando saber, em busca para conhecer.
Z: Qual é seu nome mesmo?
RC: Renato Carlini.
(Foto: Diego Noleto) |
Z: Só Renato Carlini?
RC: Na verdade, é meu nome artístico. É o nome
que eu uso.
Z: O verdadeiro não tem nada a ver com José ou
Raimundo, não, né?
RC: Bom, Renato Carlini é nome que eu
uso. Achei que Renato Júlio não ia funcionar (risos).