O último
domingo, (26), foi marcado pelo fim de duas bandas autorais de Teresina. Pouca
gente soube, como imagino que pouca gente soubesse que haveria um show na tarde
daquele domingo ensolarado na capital, apesar de toda a divulgação em redes
sociais, rádios etc. O evento Cultura Rock V, mais uma realização da
alTHErnativa Produções, produtora do Movimento Autoralrock, contou com as
bandas Nú-Xadrez, Metal Six e Campo Minado 118.
Programação |
Na programação
havia ainda Pavio
do Estopim, banda
que ninguém nunca viu, ouviu e possivelmente depois de não ter aparecido para
se apresentar, de não dar maiores satisfações aos organizadores da festa, de
nenhum dos integrantes da dita banda comparecer ao Bueiro do Rock (local do
show), dificilmente terá vida longa. Então, essa não conta anunciarmos aqui seu
premonitório fim, pois uma banda que nem começou (ou que de outro modo, começou
mal) não pode ter fim.
Mas
bem, Nú-Xadrez subiu primeiro ao palco, cinco rapazes mandando uns grunges
noventistas. O guitarrista-base rasgou o dedo que segura a palheta, indicador
direito. Massa. Ninguém viu também, mas o sangue estava lá. Foi a primeira
banda a anunciar seu fim, não fizeram ali no palco, porém os integrantes haviam
comentado com esse que vos escreve que os membros decidiram dar cabo da banda.
Se não me engano faziam ali seu segundo show e já iriam parar as atividades.
Banda Nú-Xadrez no evento Cultural Rock V (Foto: Valciãn Calixto) |
No
final do show, pausa para o seu Nonato no microfone. Agradeceu a todos pela
presença e disse que havia um rapaz na plateia que nunca havia se apresentado e
pediu um espaço para tocar uma música de sua autoria. Robervan, guitarra-solo
da Nú-Xadrez emprestou seu instrumento e o garoto, franzino, tímido emendou uma
balada apaixonada para seu primeiro público. Em seguida, seu Nonato ressaltou
que o Bueiro tem essa política de oportunizar de verdade bandas e artistas.
Parabéns!
Após viria Pavio do Estopim. Não é preciso gastar muitas linhas com essa
banda. Entrou de fato, Metal Six, o Bob (baixista) trajando uma camisa de uma
campanha do Mão Santa (151) ao senado, possivelmente uma campanha de 2002 (se é
que houve eleição nesse ano, mas é algo por aí). Foi o próprio Bob quem gritou
lá de cima que aquele seria o último show da Metal Six em Teresina; pós aquele, havia ainda um agendado no Maranhão e tchau, never more. Uma pena, Metal Six
(uma das formadoras do Movimento Autoralrock) é uma banda que surgiu na cena do
Dirceu em meados de 2009 com o Jean e o Bob à frente da coisa.
Banda Metal Six (Foto: Valciãn Calixto) |
De lá pra cá
mudanças na formação aconteceram, o grupo formado por seis pessoas, inclusive
duas vozes, passou para cinco com a saída de um dos cantores. Fato que não
levou a banda a alterar o nome para Metal Five, enfim, penso que a banda estava
em seu melhor momento, muito bem ensaiados, entrosados, fazendo até muitos
shows para a realidade de nossa trisTherezina e tudo mais. É isso mesmo, o
trem da alegria vai pedir passagem, já dizia a canção de nossas infâncias, quando
ainda nem sabíamos de uma doença chamada Rock.
Finalizando,
Campo Minado 118. Posso até fazer um contraponto entre Campo Minado e Pavio do
Estopim pelo seguinte: o vocalista do C.M-118 estava adoentado da garganta,
logo impossibilitado de cantar, ainda assim a banda subiu ao palco e mandou o
set na íntegra só com o instrumental e o vocalista lá presente, assistindo “os
irmãos”, aplaudindo e mostrando o quanto a união numa banda, entre os
integrantes, é o que a faz acontecer e a leva no mais das vezes a lugares
(patamares) inimagináveis. Lá pelo finalzinho do repertório, quando apareceram
as músicas do início da banda, tempo em que o Skilo ainda era baterista, ele
presente assumiu os vocais em três ou quatro músicas e a coisa só ficou mais
linda de se ver.
Então só pra finalizar, respeito e responsabilidade culminando
numa união sem precedentes vista nesse show em especial da Campo Minado deve
ser tomado como exemplo. Puts, ia esquecendo o Evaldo (atual Psycho Bitch),
também conhecido por Conan, fez uma espécie de jam no finalzinho do show da
Campo Minado. Ele havia escrito uma letra meio 'fafadchenha' ali mesmo enquanto
as bandas se apresentavam, passou uma base pro guitarrista e a galera
acompanhou o vocal poderoso do lendário e ex-vocalista da Megahertz. Das coisas
que serão lembradas daqui dez anos.
Skilo em participação no show da banda Campo Minado (Foto: Valciãn Calixto) |
OBS: Esse texto terá continuação com uma entrevista especial com o Skilo, figura
conhecida da cena rocker em The. Fiquem ligados e sigam "Revista
Zaboomba" no Facebook.
Por Valciãn Calixto