sexta-feira, 13 de março de 2015

Marcelo Bonfá e o fã-repórter, tiete e blá, blá, blá...

Marcelo Bonfá, ex-baterista da Legião Urbana
(Foto: Diego Noleto)


Primeiro aquele tumulto. Fim de show e todos, amontoados, batendo-se, empurra-empurra e se cheirando, querem um momento com o ex (grande/super) baterista da Legião Urbana, Marcelo Bonfá. Primeiro ele recebe a imprensa e me pergunto “Por que diabos eu não estou lá?”. Sem crachá e sem poder, só me resta esperar aqui no meio dos outros tantos fãs por alguns momentos com um dos músicos responsáveis por todas as grandes composições da banda Legião Urbana. Essa que foi, e ainda é, uma das bandas de maior sucesso de público e venda de discos no Brasil, uma marca que supera mais de 20 milhões de cópias vendidas, figurando entre as maiores vendagens da gravadora EMI no mundo.

O segurança libera uma primeira leva de quatro pessoas e eu fico na espera para a próxima remessa (ansioso? nervoso?). Quando é liberada a próxima leva eu penso que “É chegada minha hora, minha vez” – juro que não empurrei ninguém – e, ao entrar, o segurança me vê com câmera, gravadores e umas revistas na mão, ele diz “Acho que tu não vai ter tempo suficiente, não”. Ah, meu amigo, agora vai, nem que você não queira.

Marcelo Bonfá (ex-Legião Urbana) veio se apresentar aqui em Teresina no Artes de Março, com sua banda, Os Corações Perfeitos, num show carregado de nostalgia, jovens a adultos frenéticos cantando aquelas músicas que marcaram décadas e aqueles fãs de mais idade, tomando seu whisky e sem dar a mínima para os sues filhos e netos – eles queriam mesmo era diversão. Treinei e memorizei perguntas que pensei pertinentes para os fãs, sempre focado no meu trabalho, “Sou o jornalista, sou o jornalista”, mas na Hora H virei fã, e nessa entrevista cedida, ou melhor, pescada, o Bonfas, como era lembrado pelos amigos da ex-banda, fala um pouco de sua vida, música e sua volta a Teresina. Confira essa pocket conversa do Marcelo Bonfá com seu fã-repórter.


(Foto: Xico Barroso)

Zaboomba: Cinquentão, hein. Trinta de carreira. Como é que é isso?

Marcelo Bonfá: Cinco ponto zero, né. Uma versão atualizada do software. É que nem aquela coisa: dissecou a versão quatro ponto nove. Cinco ponto zero é uma nova versão e ainda tem um bug para ser resolvido, mas a gente ainda vai desenvolver software para sempre. Para sempre não (sério), para frente.

Z: Como é ver a galera curtindo suas músicas e as da Legião?

MB: É um prazer, porque é um momento especial. Com essa coisa da mídia digital e essas coisas todas, houve uma mudança de uns tempos para cá. Assim, hoje a gente consegue dialogar, consegue passar sua ideia, diretamente, sem intervenção de qualquer outro elemento. Então, assim, é legal porque você se apresenta como quer. Acho que a Legião Urbana é uma banda que realmente tem um conteúdo muito legal, que eu assino embaixo, que as letras eram do Renato, mas foi uma coisa com feeling de todos nós, com a assinatura de todos. E a gente realmente se dedicou com amor e a tudo que a gente tinha para se entregar nas músicas da Legião e hoje ver essa geração nova tendo acesso a isso, assim dessa forma, eu fico realmente muito feliz.



(Foto: Diego Noleto)

Z: Como é estar de volta a Teresina?

MB: Teresina é foda, né.

Z: E quente pra caralho? (Bom, essa me veio na cabeça sem querer. Lembrar de abolir esse comentário/pergunta óbvia e comum do repertório. Desculpem-me).

MB: É cara, eu curto pra caramba (risos). Eu gosto do dia, gosto do mar, saca?  E já vejo assim: vez ou outra eu volto aqui.



(Foto: Xico Barroso)


Z: Material novo?

MB: Estamos começando um trabalho legal assim de banda, agora.

Z: O esperar o quê pra esse material?

MB: Não sei, ainda. A gente tá começando agora. Não sei ainda... Rock’n Roll.


P.S.:

Surpreendente é ver toda aquela leva de gente cantando aquelas músicas da legião – eu, inclusive. E não se trata de uma Geração Coca-cola que envelheceu e está ali para se reafirmar, como nacionalista ou fã. É uma simples e singela homenagem (uma última talvez?) a esse cara que realmente ajudou a construir um legado para a música brasileira – e podem se doer e torcer o nariz quem quiser, mas é fato. Outra coisa é sua namorada dizer o resto da noite:
- Certo, amor. Agora você já pode parar de falar dessa entrevista, tá bom.


Por Diego Noleto