Marcelo Bonfá, ex-baterista da Legião Urbana (Foto: Diego Noleto) |
Primeiro aquele
tumulto. Fim de show e todos, amontoados, batendo-se, empurra-empurra e se
cheirando, querem um momento com o ex (grande/super) baterista da Legião
Urbana, Marcelo Bonfá. Primeiro ele recebe a imprensa e me pergunto “Por que
diabos eu não estou lá?”. Sem crachá e sem poder, só me resta esperar aqui no
meio dos outros tantos fãs por alguns momentos com um dos músicos responsáveis
por todas as grandes composições da banda Legião Urbana. Essa que foi, e ainda
é, uma das bandas de maior sucesso de público e venda de discos no Brasil, uma
marca que supera mais de 20 milhões de cópias vendidas, figurando entre as
maiores vendagens da gravadora EMI no mundo.
O segurança libera uma
primeira leva de quatro pessoas e eu fico na espera para a próxima remessa
(ansioso? nervoso?). Quando é liberada a próxima leva eu penso que “É chegada
minha hora, minha vez” – juro que não empurrei ninguém – e, ao entrar, o
segurança me vê com câmera, gravadores e umas revistas na mão, ele diz “Acho
que tu não vai ter tempo suficiente, não”. Ah, meu amigo, agora vai, nem que
você não queira.
Marcelo Bonfá
(ex-Legião Urbana) veio se apresentar aqui em Teresina no Artes de Março, com
sua banda, Os Corações Perfeitos, num show carregado de nostalgia, jovens a
adultos frenéticos cantando aquelas músicas que marcaram décadas e aqueles fãs
de mais idade, tomando seu whisky e sem dar a mínima para os sues filhos e
netos – eles queriam mesmo era diversão. Treinei e memorizei perguntas que
pensei pertinentes para os fãs, sempre focado no meu trabalho, “Sou o
jornalista, sou o jornalista”, mas na Hora H virei fã, e nessa entrevista
cedida, ou melhor, pescada, o Bonfas, como era lembrado pelos amigos da ex-banda,
fala um pouco de sua vida, música e sua volta a Teresina. Confira essa pocket
conversa do Marcelo Bonfá com seu fã-repórter.
Zaboomba:
Cinquentão, hein. Trinta de carreira. Como é que é isso?
Marcelo
Bonfá: Cinco ponto zero, né. Uma versão atualizada do software. É que nem aquela coisa:
dissecou a versão quatro ponto nove. Cinco ponto zero é uma nova versão e ainda
tem um bug para ser resolvido, mas a
gente ainda vai desenvolver software
para sempre. Para sempre não (sério), para frente.
Z:
Como é ver a galera curtindo suas músicas e as da Legião?
MB:
É um prazer, porque é um momento especial. Com essa coisa da mídia digital e
essas coisas todas, houve uma mudança de uns tempos para cá. Assim, hoje a
gente consegue dialogar, consegue passar sua ideia, diretamente, sem intervenção
de qualquer outro elemento. Então, assim, é legal porque você se apresenta como
quer. Acho que a Legião Urbana é uma banda que realmente tem um conteúdo muito
legal, que eu assino embaixo, que as letras eram do Renato, mas foi uma coisa
com feeling de todos nós, com a
assinatura de todos. E a gente realmente se dedicou com amor e a tudo que a
gente tinha para se entregar nas músicas da Legião e hoje ver essa geração nova
tendo acesso a isso, assim dessa forma, eu fico realmente muito feliz.
Z: Como é estar de volta a Teresina?
(Foto: Diego Noleto) |
Z: Como é estar de volta a Teresina?
MB:
Teresina é foda, né.
Z:
E quente pra caralho? (Bom, essa me veio na cabeça sem querer. Lembrar de abolir
esse comentário/pergunta óbvia e comum do repertório. Desculpem-me).
MB:
É cara, eu curto pra caramba (risos). Eu gosto do dia, gosto do mar, saca? E já vejo assim: vez ou outra eu volto aqui.
(Foto: Xico Barroso) |
Z:
Material novo?
MB:
Estamos começando um trabalho legal assim de banda, agora.
Z:
O esperar o quê pra esse material?
MB:
Não sei, ainda. A gente tá começando agora. Não sei ainda... Rock’n Roll.
P.S.:
Surpreendente é ver
toda aquela leva de gente cantando aquelas músicas da legião – eu, inclusive. E
não se trata de uma Geração Coca-cola que envelheceu e está ali para se
reafirmar, como nacionalista ou fã. É uma simples e singela homenagem (uma
última talvez?) a esse cara que realmente ajudou a construir um legado para a
música brasileira – e podem se doer e torcer o nariz quem quiser, mas é fato. Outra
coisa é sua namorada dizer o resto da noite:
- Certo, amor. Agora
você já pode parar de falar dessa entrevista, tá bom.
Por Diego Noleto