segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Um astronauta em Teresina

Dennis Barbosa - idealizador da loja
O Astronauta (Foto: Diego Noleto)
Nada se compara ao barulho chiado – aquele crhiiiii – da agulha de uma vitrola, ao riscar a planície negra, antes que comece qualquer melodia ou harmonia em um disco de vinil. Amados, esquecidos, ressuscitados e hoje cultuados em todo mundo, os vinis são peças de colecionadores que guardam seus souvenires como a vida e nunca deixam de ser o melhor instrumento sonorode qualidade inquestionável, para apreciadores de música em todo mundo. 
Zaboomba entrevistou Dennis Barbosa Lima, um dos donos de um bazar (O ASTRONAUTA - Bazar Discos) especializado em vendas de discos de vinil. A conversa aconteceu no evento Salve Rainha, em meio a discos clássicos de música americana e brasileira. Dennis Barbosa nos falou da procura, da ideia de vender discos – um produto caro e bastante restrito –, e frisa que o vinil não é só para colecionadores.


Zaboomba: Por que a ideia de vender vinis? 

Dennis Barbosa: Vinil é ainda a melhor mídia que existe para a música. Para se ter uma ideia, se é feito um disco de vinil a partir de um CD, o vinil ainda sai bem melhor que o CD, que é a matriz. Outro fator é que a fábrica no Brasil foi reativada, as pessoas voltaram a comprar. A indústria musical é ressuscitada por conta dos colecionadores de disco. 

Z: Há uma boa procura? 

DB: É grande, sim. Já recebi colecionadores que têm mais de 20.000 discos em sua coleção. E há gente nova comprando mesmo sem ter vitrola, só como souvenir. 

Z: Explica pra gente essa ideia de melhor mídia. 

DB: Refiro-me à qualidade de som. No vinil, se extrai a melhor qualidade para se apreciar a música. O vinil vai bater em qualquer MP3 ou qualquer outro formato expandido. O vinil é o melhor. 

(Foto: Diego Noleto)

(Foto: Diego Noleto)


Z: O que você pensa sobre o fato de se produzir vinis, que custam mais e são restritos, de certa forma, quando muitos disponibilizam suas músicas para downloads? 

DB: Acho que é possível manter os dois. Comprei o disco novo do Pink Floyd em vinil e dentro do disco vinha um código para download. Ou seja, há um cuidado para que o disco seja ouvido no carro, por exemplo. O legal do disco (vinil) é você apreciar, pegar na capa. É por isso que as pessoas tanto procuram.

Z: Quando começou com esse trabalho de vender vinis? 

DB: Há um ano, com uma loja virtual e há três meses com loja fixa. 

Z: Onde fica a loja? 

DB: Próximo ao balão da Coca-Cola. Além de discos, vendemos camisetas exclusivas da própria marca, CDs e canecas de bandas também. 

Z: Para bandas novas e independentes, o alto custo de produção de um disco de vinil não atrapalha um pouco essa comercialização? 

DB: Sim. Hoje, um disco de vinil lacrado custa, em média, uns R$80,00. No entanto, mesmo assim, a galera tem produzido esses discos. Aqui mesmo em Teresina tem uma banda que gravou seu material em vinil, a banda Bode Preto, e a saída é enorme, porque há pessoas que só consomem esse formato (vinil) de preferência. 

Z: O vinil é só para fã, colecionador ou para admiradores de música em geral? 

DB: Acho que para os dois mesmo. 

Endereço: Rua Manuel Teodoro, Buenos Aires, 4880.
(86) 9953-7485