A banda Neanderthais
passou um tempo afastada dos palcos, deixando um amargo nos fãs que ainda
cultivavam um apreço pelo o estilo bluesrock. O certo é que nesse intervalo
sugiram bandas bastante influenciadas pelo seu estilo agitado, rasgante e
bluseiro, uma prova de que a irreverência e a originalidade presente nas letras
e nos palcos faziam falta. Recentemente, a banda voltou a fazer shows, voltou ao
cenário, aos antigos fãs – e aos novos – sem abandonar a originalidade e com a
promessa de dois discos ainda esse ano.
(Foto: Luiz Gonzaga) |
Entrevistamos Ramon
Nunes (guitarrista e voz) e Ezequiel Veloso (vocal e gaita), dois dos
integrantes atuais do Neanderthais, em clima de pós-show, cansados, mas a
plateia ainda excitada com a carga sonora e dançante.
Zaboomba:
Como está hoje o trabalho do primeiro disco?
Ramon:
Estamos em processo de gravação já há quase um ano, em parceria com o pessoal
do New Time Produções. Falta recebermos poucas músicas, para fazermos um evento
de lançamento. Só que assim: como já temos um repertório grande e trabalhamos
com mais de vinte músicas, então, nos shows já tocamos praticamente todo o
disco e algumas do próximo.
Z:
Bom, o disco está em produção há quase um ano, mas as músicas já estão prontas
faz quanto tempo?
Ezequiel:
Parte delas já existe desde nossos primeiros shows. A Neanderthais sempre
mesclou música autoral e covers, mas desde essa época já existem músicas de
autoria própria.
Z:
Por
que essa demora até gravar o primeiro disco?
R:
Primeiramente, financeiro, e agora a gente conseguiu essa parceria com o New
Time, e tem uma questão de logística. Todo mundo da banda trabalha, o pessoal
da produtora tem o seu trabalho paralelo, aí tem esse choque de horário e data.
E:
A mudança de formação também contribuiu para essa formação agora e os
integrantes novos levaram certo tempo para pegarem as músicas e o estilo da
banda, até se adequarem a fazerem suas próprias modificações nas músicas.
(Foto: Renan Melo) |
Z:
Como vocês veem o estilo musical bluesrock, produzido por bandas como
Neanderthais e BR 316, ser ainda cultuado, e de novas bandas, como Fronteiras
Blues, nascerem tomando vocês como influência?
R:
Nós e a banda Fronteiras Blues somos bem próximos, parceiros musicais mesmo,
com vários shows agendados juntos agora em abril e maio. Para nós é um honra
conversar com eles, falando sobre nossas influências e sobre o nosso ponto de
vista a respeito do que eles podem fazer em determinada música. Há uma troca,
onde nós pegamos informações com eles, de modo totalmente aberto entre as
bandas, sem frescura. Com relação ao estilo é assim: tem gente que considera o blues
como uma coisa não tão popular, comum ou atual, certo? Mas é muito frequente a
animação do público sempre quando tem shows de blues, seja no meio do metal, do
alternativo, do indie, enfim. O blues sempre teve aquele tesão, um tempero, uma
coisa que gruda a atenção das pessoas. As nossas músicas são simples, usamos
poucos efeitos de guitarra, por exemplo, mas valorizamos as vozes, que é o
instrumento mais puro que as pessoas podem ter. Nós buscamos trazer essa
diferença, já que havia outras bandas do mesmo estilo, mas não tínhamos visto
trabalho de blues como bluegrass e
aqui no nosso blues até então não tinha, então nós não tentamos resgatar, mas
trazer isso para cá.
E:
É
o fato de tornar popular, de trazer para as pessoas, e não deixar que o fato de
ser blues crie uma ideia de cult, que
é justamente o que nós não queremos, que não precisamos para um show, pois o
que precisamos é do contato do público, um pessoal animado.
Z:
Mas o estilo das músicas é bem variado.
E:
A gente vai desde as músicas só de voz, que é bem cultura negra, ao blues, bluesrock,
country, bluesgrass. Trazemos toda nossa influência para nossa música autoral.
Através do nosso material, você vê a influência que pegamos e trazemos essa
roupagem, tentando fazer algo atual.
Z:
Qual é uma grande influência da Neanderthais?
R:
Stevie Ray Vaughan, BB king, Led Zeppelin, AC/DC, Jimi Hedrix, Lynyrd Skynyrd.
Z:
Há uma data prevista para termos o disco em mãos?
R:
Era para ser em abril, mas devido um choque de datas com o pessoal da
produtora, resolvemos esperar receber as músicas restantes para planejar um
evento.
E:
O certo é que não vai passar desse primeiro semestre.
Z:
E depois desse disco?
R:
O outro disco sai até o final do ano, já que praticamente todas as músicas do
segundo álbum estão prontas, só no ponto de chegar ao estúdio e gravar.
Z:
E o primeiro disco foi gravado onde?
R:
Com a New Time produções, com o Garem Vilarinho.