segunda-feira, 27 de abril de 2015

ENTREVISTA: Banda Neanderthais

A banda Neanderthais passou um tempo afastada dos palcos, deixando um amargo nos fãs que ainda cultivavam um apreço pelo o estilo bluesrock. O certo é que nesse intervalo sugiram bandas bastante influenciadas pelo seu estilo agitado, rasgante e bluseiro, uma prova de que a irreverência e a originalidade presente nas letras e nos palcos faziam falta. Recentemente, a banda voltou a fazer shows, voltou ao cenário, aos antigos fãs – e aos novos – sem abandonar a originalidade e com a promessa de dois discos ainda esse ano.


(Foto: Luiz Gonzaga)


Entrevistamos Ramon Nunes (guitarrista e voz) e Ezequiel Veloso (vocal e gaita), dois dos integrantes atuais do Neanderthais, em clima de pós-show, cansados, mas a plateia ainda excitada com a carga sonora e dançante.

Zaboomba: Como está hoje o trabalho do primeiro disco?

Ramon: Estamos em processo de gravação já há quase um ano, em parceria com o pessoal do New Time Produções. Falta recebermos poucas músicas, para fazermos um evento de lançamento. Só que assim: como já temos um repertório grande e trabalhamos com mais de vinte músicas, então, nos shows já tocamos praticamente todo o disco e algumas do próximo.

Z: Bom, o disco está em produção há quase um ano, mas as músicas já estão prontas faz quanto tempo?

Ezequiel: Parte delas já existe desde nossos primeiros shows. A Neanderthais sempre mesclou música autoral e covers, mas desde essa época já existem músicas de autoria própria.

Z: Por que essa demora até gravar o primeiro disco?

R: Primeiramente, financeiro, e agora a gente conseguiu essa parceria com o New Time, e tem uma questão de logística. Todo mundo da banda trabalha, o pessoal da produtora tem o seu trabalho paralelo, aí tem esse choque de horário e data.

E: A mudança de formação também contribuiu para essa formação agora e os integrantes novos levaram certo tempo para pegarem as músicas e o estilo da banda, até se adequarem a fazerem suas próprias modificações nas músicas.



(Foto: Renan Melo)


Z: Como vocês veem o estilo musical bluesrock, produzido por bandas como Neanderthais e BR 316, ser ainda cultuado, e de novas bandas, como Fronteiras Blues, nascerem tomando vocês como influência?

R: Nós e a banda Fronteiras Blues somos bem próximos, parceiros musicais mesmo, com vários shows agendados juntos agora em abril e maio. Para nós é um honra conversar com eles, falando sobre nossas influências e sobre o nosso ponto de vista a respeito do que eles podem fazer em determinada música. Há uma troca, onde nós pegamos informações com eles, de modo totalmente aberto entre as bandas, sem frescura. Com relação ao estilo é assim: tem gente que considera o blues como uma coisa não tão popular, comum ou atual, certo? Mas é muito frequente a animação do público sempre quando tem shows de blues, seja no meio do metal, do alternativo, do indie, enfim. O blues sempre teve aquele tesão, um tempero, uma coisa que gruda a atenção das pessoas. As nossas músicas são simples, usamos poucos efeitos de guitarra, por exemplo, mas valorizamos as vozes, que é o instrumento mais puro que as pessoas podem ter. Nós buscamos trazer essa diferença, já que havia outras bandas do mesmo estilo, mas não tínhamos visto trabalho de blues como bluegrass e aqui no nosso blues até então não tinha, então nós não tentamos resgatar, mas trazer isso para cá.

E: É o fato de tornar popular, de trazer para as pessoas, e não deixar que o fato de ser blues crie uma ideia de cult, que é justamente o que nós não queremos, que não precisamos para um show, pois o que precisamos é do contato do público, um pessoal animado.

Z: Mas o estilo das músicas é bem variado.

E: A gente vai desde as músicas só de voz, que é bem cultura negra, ao blues, bluesrock, country, bluesgrass. Trazemos toda nossa influência para nossa música autoral. Através do nosso material, você vê a influência que pegamos e trazemos essa roupagem, tentando fazer algo atual.

Z: Qual é uma grande influência da Neanderthais?

R: Stevie Ray Vaughan, BB king, Led Zeppelin, AC/DC, Jimi Hedrix, Lynyrd Skynyrd.

Z: Há uma data prevista para termos o disco em mãos?

R: Era para ser em abril, mas devido um choque de datas com o pessoal da produtora, resolvemos esperar receber as músicas restantes para planejar um evento.

E: O certo é que não vai passar desse primeiro semestre.

Z: E depois desse disco?

R: O outro disco sai até o final do ano, já que praticamente todas as músicas do segundo álbum estão prontas, só no ponto de chegar ao estúdio e gravar.

Z: E o primeiro disco foi gravado onde?

R: Com a New Time produções, com o Garem Vilarinho.