domingo, 26 de abril de 2015

A música autoral de Teresina vive numa ilha

Fotos por: Diego Noleto


O Double Stage chega à sua segunda edição e promove um "pocket woodstock" em Teresina, com doze horas seguidas de rock'n'roll. O evento aconteceu no Espaço Trilhos no final de semana passado (18/04). Com a presença de algumas bandas já conhecidas do cenário autoral da capital e o intercâmbio com bandas de estados vizinhos – numa mistura de variados estilos – o evento prioriza e ao mesmo tempo valoriza a música autoral, criando espaço alternativo de shows e abrindo espaço para bandas emergentes. 




Nem o Trilhos – um espaço pequeno para shows – nem a chuva impediram o público de conferir os shows, montados em dois palcos frontais, da B.R. 316, AlcuçuzNeaderthais (que esteve afastada um tempo dos palcos), Anno Zero e outras bandas que possuem alguma tradição e reputação para nós. Já de São Luís, o público pôde conferir os shows de Boys Bad News (confira nossa entrevista com a banda) e Soulvenir. O evento surgiu da reunião de um grupo de bandas com o propósito de estimular o cenário da música autoral em Teresina e o resultado dessa união foi a 202 (dois zero dois) Produções que desde 2014 atua na organização de eventos e shows. Um projeto idealizado no ano 2000, hoje, detém uma parcela de responsabilidade em manter um cenário das bandas, tentando atrair público fã do rock e da música em Teresina. Nessa segunda edição tivemos a oportunidade de melhorar tudo, dar uma geral e organizar a casa. Fora isso, tem a continuidade dos trabalhos das bandas que começaram no Double Stage ano passado e continuaram crescendo e com seu espaço cativo. Agora, temos bandas novas no cast da 202, a Audreyisdead. Continuamos a dar oportunidade para bandas novas que foi o caso da Deceived, banda que abriu o evento”, diz Júlio Baros, um dos organizadores e integrante da 202 Produções. 




A iniciativa está em valorizar a produção da música autoral. No evento mesmo tiveram à venda discos e camisetas das bandas participantes, tudo a um preço bastante acessível e claro, o contato com os músicos e com um público, mesmo reduzido, contribui para uma maior valorização. “O Double Stage tem uma política interna: conseguimos a maior quantidade de apoio possível, seja privado ou público, e a grana que a gente pega aqui reinvestimos em shows e no intercâmbio com a galera de outras cidades”, explica Júlio. “O que a gente quer fazer é movimentar a cena autoral, onde as bandas podem tocar o máximo possível e as bandas que vêm de fora ajudam a somar uma vez ou outra”. 




Mesmo com todo incentivo, participação ativa de algumas bandas locais e uma presença tímida de público o cenário ainda precisa melhorar, principalmente com uma maior presença do público. As bandas que tocaram no Double Stage tiveram seus cachês garantidos, uma vitória em eventos de música autoral, mas se dependessem do ingresso ‘a coisa podia não ser das melhores’. Apesar dos diversos outros eventos do gênero, que contribuem de um modo ou de outro para a música autoral, as bandas continuam tocando em ilhas, carentes de pessoas.


Por Diego Noleto