quinta-feira, 19 de março de 2015

O dia que os Beatles falaram a verdade: 'O mercado de música autoral no Brasil é brochante'

Banda Beatles 4Ever em apresentação
no Artes de Março (Foto: Maria Aparecida Vieira)


O quarteto Beatles 4Ever foi a primeira banda cover dos The Beatles no Brasil e estão há mais de trinta anos na estrada tocando e interpretando as músicas dos rapazes ingleses.

Considerando que o quarteto de Liverpool só teve praticamente dez anos de carreira, com discos lançados, turnês pelo mundo e a euforia do sucesso; é inegável que depois de três décadas fazendo shows pelo Brasil não se perceba a qualidade técnica e sonora nas apresentações do 4Ever.

Bonito mesmo de se ver e ouvir são os instrumentos e seus timbres característicos, iguais aos instrumentos originais utilizados no sucesso de então dos The Beatles. No entanto, uma banda cover sempre suscita a questão das bandas que tocam cover e as que preferem se dedicar à musica autoral, exclusivamente.

A Zaboomba entrevistou, não somente o cover dos The Beatles, mas também músicos profissionais que pensam sobre música brasileira e que ainda têm muito a dizer. Confira.  

Zaboomba: Como é que é ser reconhecido profissionalmente como cover dos The Beatles? 

Ricardo Felício (Ringo Star): Então, pra gente é um prazer muito grande, porque toda nossa escola musical, de todos na banda, é justamente os Beatles. É a nossa banda favorita, são nossos ídolos, a gente poder interpretar, viver disso, levar um pouco da história que eles criaram na época, inclusive para os dias de hoje, para todo tipo de público, é uma sensação gratificante, uma sensação muito legal. 

Z: Todos você são músicos profissionais? 

RF: Sim, sim. 

Z: Todos têm uma formação musical?

RF: Na verdade, todos nós vivemos exclusivamente disso. Hoje nosso trabalho mesmo é Beatles 4Ever e todo nosso tempo e dedicação é exclusivamente ao projeto. 

Z: Aqui temos uma questão: há um embate entre autoral e cover. Vocês sofreram algum tipo de preconceito em relação a isso? 


RF: Não. Na verdade, a gente nem acredita muita nessa disputa, porque são coisas diferentes, uma coisa não influencia a outra, . Por exemplo, nos lugares em São Paulo, onde acontece a cena autoral é diferente de onde o pessoal vai para ouvir uma música que o pessoal já conhece. Então, pra gente realmente não atrapalha. Temos inclusive, paralelo a isso, nossos projetos autorais, o Rene (George Harrison) tem, os outros têm também. Então, paralelamente à banda temos nossos projetos autorais e todo aquele público que convive com a gente. 


Banda Beatles 4Ever (Foto: Maria Aparecida Vieira)




Z: Cada um de vocês têm bandas independentes? 

RF: Isso. Na verdade, são nossos projetos autorais. Mas o trabalho principal mesmo é a banda, a Beatles 4Ever. 

Z: Como é esse mercado de música autoral em São Paulo? 

RF: Então, é um pouco complicado. Porque o espaço não é para todas, o que já não é novidade. Financeiramente, a princípio, não é muito viável, mas tudo depende mesmo da oportunidade, de você ir atrás, de buscar fazer sua parte e isso a gente tenta fazer. Claro que não com toda prioridade que conseguimos dar ao Beatles 4ever.  

Rene Zayon: Como a gente vive da música, trabalhar com música autoral em São Paulo é complicado, porque a gente teria que ter um trabalho paralelo, como nós temos. Só que nosso foco é a banda cover.



(Foto: Maria Aparecida Vieira)

(Foto: Diego Noleto)
(Foto: Diego Noleto)



Z: Pergunto isso porque há todo um investimento tanto nas roupas quanto instrumentos, assim como outros custos, para valorizar um determinado segmento que não é seu trabalho autoral.


RF: Bom, é. Aqui fazemos um investimento e temos um retorno. A gente investe em terno, a gente investe em instrumentos e temos um retorno do público, imprensa, agenda de shows etc. Se a gente investe essa grana, por exemplo, para o autoral e num bom estúdio de gravação, uma boa mixagem, todo um trabalho pra agente estourar ou não, vai depender de sorte, de tempo. Nessa banda é uma coisa que a gente investe com uma certeza e se nenhuma dúvida. 

Z: Então, montar um cover se torna mais viável do que um investimento autoral? 

RF: Muito mais viável, infelizmente. E outra coisa, é o que estudei para fazer mesmo, foi para trabalhar com música, eu gosto de tocar, então eu acho que se estou dentro e uma coisa que gosto e se me satisfaz e satisfaz todos os companheiros e tal, então, acho que isso é o principal, entendeu. Eu não tenho muita presa nesse lance do cover versus autoral, não. Estou feliz tocando o que eu gosto. 

Z: Ou autoral ou cover, o que você gosta? 

RZ: Gostamos dos dois.  Eu e Raffa  tivemos a experiência de tocar fora do país – inclusive a sermos premiados (Raffa) – e o retorno para o Brasil foi onde pra mim  deu uma ‘brochada’ no trabalho autoral, porque a gente viu como a aceitação lá fora era muito grande, muito maior. Ganhamos até prêmio como banda revelação sul-americana com nosso trabalho.

Z: Qual o nosso problema em não valorizar? 

RF: É esse, exatamente. Por isso, eu estou fora desse negócio de cover versus autoral.  


Banda Beatles 4Ever (Foto: Diego Noleto)

2 comentários:

  1. não posso nem comentar o que vem de uma bandinha cover que vive às custas do trabalho alheio! bye bye

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    1. Bandas covers vivem às custas do seu próprio trabalho, pois estudam para se equipararem aos seus ídolos, para serem covers dos mesmos.

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