A banda piauiense Anno Zero lançou o segundo álbum, "The Next Level", no final do
ano passado, quebrando um hiato de dez anos desde o lançamento de "Another Pleasant Evening" (2004).
Formada em 2001, a sonoridade da banda é caracterizada pela atmosfera dark das
bandas de rock gótico dos anos 80, assim como elementos que vão do Death Metal Gótico
ao Doom, com a mistura de sons eletrônicos e música brasileira.
O primeiro disco da banda obteve repercussão no Brasil e em
diversos países da Europa, e Ásia, bem como nos EUA. O novo disco já ganhou
boas resenhas sobre suas composições e a sonoridade diversificada. Nesses dez anos, a banda já
sofreu uma mudança de integrante e a volta do baixista Ed, depois de dois anos de afastamento.
Hoje, o Anno Zero tem reconhecimento internacional, dentro do cenário underground,
com críticas em sites e revistas especializadas (Quer ler bons texto sobre a
banda? Basta acessar o site de música Whiplash). Lançou dois discos
oficiais de estúdio – já citados – e mais um registro ao vivo, o disco “Another Level” (live – 2006). Confira a entrevista que a Zaboomba fez com banda no
evento Double Stage que aconteceu no Espaço
Trilhos, no último sábado (18). Ao final da entrevista, confira o vídeo do show que a banda fez no evento Double Stage.
Novo álbum da banda lançado no final de 2014 (Capa). |
Primeiro álbum da banda lançado dez anos antes (Capa). |
Zaboomba: Como está a
banda hoje, dez anos após o primeiro disco e de uma parada das atividades?
Anno Zero: Lançamos o CD novo, mais ou menos, em outubro do ano
passado, com show de lançamento em dezoito de outubro e de lá para cá temos
divulgado esse trabalho com shows, viagens e com mais planos para divulgar esse
trabalho.
Z: Por que esse intervalo até ser lançado um disco
novo?
AZ: Na verdade, nós temos um estúdio de gravação, certo.
Então, à medida em que gravávamos, o tempo passando e ainda comprando novos equipamentos,
nós íamos regravando e melhorando algo que já tínhamos feito antes. Então, pô,
se havíamos comprado algo (equipamento) novo, por que não refazer as bases da
guitarra, ou determinado solo, ou determinados efeitos, ou teclado e tudo mais,
regravar partes? Ficou nesse negócio de fazer e refazer e nesse vício chegou a
um ponto que a gente disse: ‘Não chegou, o trabalho está completo, fechou o
ciclo, já chegou a hora de lançar realmente’.
Banda Anno Zero antes do show no Double Stage |
Z: Como foi a produção desse novo disco?
AZ: Foi um processo
longo entre gravação e mixagem. Nós regravamos muita coisa, o Eduardo
(baixista) saiu da banda e nesse intervalo gravamos com outro baixista, aí o
Eduardo voltou e regravamos outras coisas, como guitarras e refizemos muita
coisa de voz. Demorou esse tempo todo, mas o que importa é que lançamos esse
segundo CD e já trabalhamos nele, divulgando o máximo que podemos, fazendo esse
trabalho ‘rodar’ e já com uma energia nova, compondo músicas novas, com uma
formação nova. A expectativa é a de que no final desse ou início do próximo ano
já lancemos trabalho inédito. Nós gravamos aqui e o disco foi masterizado na Europa, no
estúdio Fascination Street Studios, na Suécia.
Z: O que mudou do primeiro ao último disco, e não
só em relação às composições, mas em relação ao cenário?
AZ: A palavra amadurecimento
é a chave, porque crescemos, passamos a ouvir outras coisas, estudarmos outras
coisas e nos desenvolvemos enquanto banda, enquanto compositores e
instrumentistas. Nesse novo disco, conseguimos fazer tudo que sempre quisemos
fazer realmente. O primeiro disco é muito calcado no metal, que é nossa
formação principal, mas existem outras influências que vamos agregando à nossa
linguagem, e acredito que no “The Next Level” conseguimos chegar à linguagem que queríamos. Somos uma
banda de metal, mas temos muitas influências diferentes e no Next Level as músicas são mais
diferentes umas das outras e conseguimos agregar elementos que não tinham no
primeiro disco. Acho que por sermos mais jovens, a banda iniciando e menos
composições, então, com esse amadurecimento, a gente conseguiu formar nossa
identidade enquanto banda.
Z: E o que mudou para vocês, no cenário, depois de
dez anos?
AZ: Olha, muita coisa mudou, muitas bandas desapareceram,
inclusive bandas que surgiram pós-Anno Zero, influenciadas por nós, de estilo parecido, bandas
que surgiram e acabaram e continuamos mesmo com esse hiato grande entre os
discos. No entanto, acreditamos que o cenário caiu, não só na quantidade, mas
na qualidade das bandas, também. O próprio começo do Anno Zero também. Já fizemos show para setecentas pessoas, aqui
em Teresina, e hoje, se você consegue colocar trezentas pessoas num determinado
lugar é uma conquista.
Z: Interessante isso, levando em conta que temos o
Bueiro, que é um espaço recente para um público bem específico para o metal.
AZ: Lançamos o
Next Level no
Bueiro e conseguimos um público entre quatrocentas a quinhentas pessoas, mas
isso não é padrão atual do cenário aqui em Teresina, tanto é que você vê um
evento como esse que estamos participando (Double Stage), com várias bandas
e de todos os estilos, então é um evento com potencial para atrair mais de
quinhentas pessoas e o que a gente vê é um público bem menor do que isso.
Então, na cena hoje, há uma quantidade de bandas muito boas, mas o
comparecimento de público é muito menor, bem menor.
Z: Hoje, o Anno Zero é uma banda que se sustenta?
AZ: Pô, quase
nenhuma banda de metal no mundo se sustenta, porque o Metal, o rock mais pesado
no mundo não se paga, e é uma regra. As bandas que conseguem são muito poucas
e, em Teresina, aí é que o negócio é complicado, sabe? Todos nós temos nossos
empregos, e a banda é aquela história, é um hobby que fazemos bem feito e hoje
a banda é literalmente sustentada pelos membros. Investindo em equipamento de ponta e, obviamente, com o
tempo melhoramos em equipamento, então mesmo assim investimos, lutamos,
batalhamos.
Z: Material novo?
AZ: A ideia é
até o final de 2015 compormos material novo, gravar e lançar em 2016, mas temos
muitas ideias: de repente lançar um material digital só de cover, de bandas que
não são de metal. Temos muitas ideias de gravação pela facilidade de termos um
material próprio de gravação, com o material que já estamos produzindo não vai
demorar para sair trabalho novo.
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